terça-feira, 15 de abril de 2014

Tesoura, papel, pedra

Um dia, a tesoura apercebeu-se de que o papel vencia sempre a pedra. Começou a pensar no assunto e fez as suas contas:
- Ora, se eu venço o papel que vence a pedra... Então eu sou a mais forte de todos!
E perante tal constatação, já nem esperou pelo dia seguinte: desafiou o papel, venceu-o e escravizou-o.


O papel, por sua vez, não quis ficar na mó de baixo e nesse mesmo dia derrotou a pedra, fazendo dela sua escrava. Assim, mesmo que de forma indirecta, a tesoura passou a dominar os outros dois.
Até que um dia, farta de estar no fundo da hierarquia e de ser explorada e maltratada, a pedra revoltou-se:
- É certo que sou vencida pelo papel... Mas eu venço a tesoura, que vence o papel!
E logicamente, a pedra considerou-se a mais poderosa de entre os três. Assim, desafiou a tesoura, que depressa sucumbiu. Um novo ciclo de escravidão teve início, só que com a pedra a dominar a tesoura e por intermédio desta, o papel.


Contudo, também um dia o papel compreendeu que tinha o seu poder. Revoltou-se. Num violento combate, venceu a pedra e autoproclamou-se imperador.


A tesoura, agora na base da pirâmide, sabia que podia derrotar facilmente o papel: bastava cortá-lo aos bocadinhos... mas não o fez. Manhosa, convocou antes uma reunião com o papel e com a pedra, pois tinha planos mais ambiciosos:
- Amigos! Porque havemos de lutar entre nós? Porque não unirmos forças e dominarmos o mundo?
A tesoura convenceu rapidamente os outros dois de que juntos poderiam tirar muito mais proveito das suas maquiavélicas habilidades. Então, a tesoura, o papel e a pedra fizeram uma votação, que apelidaram de democrática, e elegeram-se senhores do mundo. Sob a alçada da tirania, do medo e da coação passaram a governar todas as tesouras, pedras e papéis.