quinta-feira, 12 de junho de 2014

0 senhor 8

Já em casa, o 8 olhou-se ao espelho: tinha a sensação de até ser um número bastante perfeito, sendo redondinho e lembrando o infinito. Ocupava, inclusivamente, um elevado estatuto dentro do grupo das unidades, mas mesmo assim, não conseguia deixar de sentir uma pontinha de inveja do número 9. É que o 8 era quase o mais alto deles todos... só que lhe faltava o quase.


Então, mesquinho e ganancioso, o número 8 andava a tentar perder um bocadinho de si, só o suficiente para passar a ter uma bola e uma perna como o 9, em vez das suas duas bolas. Deitado na cama, todas as manhãs ele fazia exercícios, com grande esforço.


Mas um dia, ao acordar, percebeu que tinha perdido uma das suas bolas... Passou a ser um 0, e toda a gente sabe que ser 0 é não ser nada. Sentiu-se infeliz e frustrado: como é que tinha chegado àquela situação? Com o tempo, foi reconhecendo que tinha sido prejudicado pela sua inveja e ganância. Perdera tudo e agora já só queria voltar a ser alguém, mesmo que pequenino, e ser feliz com isso.


Um dia, decidiu visitar o seu vizinho 1, que morava ali tão perto. Simpatizaram um com o outro e o 0 ganhou um novo amigo com quem conversar. Descobriram que juntos formavam um 10. Unidos podiam não ser um grande número, aliás, o mais baixo das dezenas, mas valiam mais do que separados. E para além disso, a amizade não tem valor!




2 comentários:

  1. gosto muito das ilustrações e é moralmente tão correcto. consigo imaginá-lo em versão desenho animado no sábado de manhã :)

    ResponderEliminar
  2. Obrigada! Também gosto bastante deste... Espero que entretanto tenha a sequela... mas do ponto de vista do nove... Ainda estou em processo criativo :) Animação?... Sim, porque não? Vou pensar nisso... ;) Bjinhos

    ResponderEliminar