A notícia chegou: estava dispensado do capítulo das figuras geométricas, onde sempre trabalhara, por não ser nada em concreto. Gerira uma equipa de extraordinários trapézios e paralelogramos, mas a verdade é que não tinha conhecimentos aprofundados sobre coisa alguma. Era, por assim dizer, uma figura abrangente, e a matemática necessitava de figuras mais especializadas.
Sentia-se exausto e ultrapassado. Talvez tivessem razão. Reformou-se. Decidiu que era altura de encontrar o seu próprio talento. Queria levar desta vida a satisfação de saber que tinha tido um. Experimentou ser um quadrado, um rectângulo, um trapézio isósceles e até mesmo um triângulo, mas nada... Continuou sem descobrir a sua verdadeira vocação.
Deixou-se cair na página:
- Nunca encontrarei o meu talento. Talvez nem tenha um para encontrar.
Entretanto, o quadrado substituira o quadrilatero. Por ter todos os lados com a mesma dimensão e todos os seus ângulos com noventa graus, consideraram-no a figura geométrica mais indicada para o cargo. Possuia uma especialização para a qual trabalhara muito e agora progredia na carreira por mérito próprio.
Entretanto, o quadrado substituira o quadrilatero. Por ter todos os lados com a mesma dimensão e todos os seus ângulos com noventa graus, consideraram-no a figura geométrica mais indicada para o cargo. Possuia uma especialização para a qual trabalhara muito e agora progredia na carreira por mérito próprio.
Porém, os problemas chegaram. A confusão gerou-se nos livros de matemática e ninguém percebia a matéria. O quadrado sabia muito de ser um quadrado, contudo não compreendia as especificidades do rectângulo e menos ainda as do trapézio. Descobriu a importância de se ser mais abrangente. De se ser um "especialista" em abrangência.
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