quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Portas de Santo Antão



Virou a esquina do vazio, quente e seco, e procurou um sinal divino na areia do tempo. Quarenta dias, como que quarenta ladrões, disputavam a sua sanidade. Suportaria as dores do diabo e as tentações de Cristo. Ou seria ao contrário?
Uma, duas, três portas que antes ali não estavam abriram-se e no deserto nasceu um paraíso de sombras. Alucinações da fome e da sede ou tentações hipnotizantes do chamamento do diabo, resistiu-lhes.
As areias das dunas escorreram na ampulheta dos meses e deram a volta mais do que o prometido. Nada o obrigaria a cruzar portas escancaradas do pecado. Por livre vontade cruzou as portas da cidade. Regressou seguro. 

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